O Haicai no Brasil
H. Masuda Goga


PREFÁCIO DE
BENEDICTO FERRI DE BARROS


BURAJIRU HAIKAI-DO

Na dimensão de uma miniatura, tão ao gosto do cânon estético nipônico, o Haicai no Brasil, de Hidekazu Masuda surge como um marco literário clássico deste gênero de poemas entre nós. Marco, porque assinala um ponto de referência que, daqui para frente, ao falar de haicai no Brasil, ninguém poderá ignorar. Clássico, pelo cuidado e pela correção com que se apresenta este ensaio compacto.

Além de marco clássico, sentimo-nos compelidos a acrescentar-lhe novo adjetivo: belo! Porque na finura e singeleza de sua composição, a um tempo espontânea e precisa, traz a característica marcante do trabalho intelectual de linhagem japonesa: a qualidade estética. A verdade não é tudo: é essencial que ela ande de braço dado com a beleza. E aqui é extremamente feliz a forma que Hidezaku encontrou para envasar seu ensaio. Caminha-se por ele, passando-se insensivelmente da prosa para a poesia, como acontece em toda a literatura japonesa e como Bashô o fez, exemplarmente, em suas andanças pelo Japão.

Neste caminhar, vão os haicais surgindo ao longo do ensaio como flores à margem da estrada, estrela solitária cintilando no azul do céu, ou múltiplas constelações pisca-piscando em prata no dossel da noite...

O haicai no Brasil! Com 1.001 cultores, nativos e nikkei! Cada poeta ensaiando seu estro em formas várias de ritmo e sentido, na tentativa eterna do homem de fixar a impermanência...

Bem creio jamais se alcançará reproduzir en português a força original de uma gema nipônica nem creio que as gemas brasileiras de haicai, vertidas, traduzam para o japonês sua rutilância própria. Cada poema vertido, em qualquer direção, é un poema novo em uma nova língua. Mas também acho que assim mesmo deva ser. Que de lá para cá e daqui para lá, o haiku/haicai se apresente como tênue mas sólida ponte pela qual transita uma corrente de sensibilidade afim e fratenal. E eis do que o trabalho de Hidezaku Masuda - escrito em japonês e vertido por José Yamashiro (uma garantia da autenticidade e limpidez do texto) - dá testemunho como marco belo e clássico.

Buquê de flores silvestres? ou adereço de preciosas jóias ? - ambas as coisas, a um tempo só.

Benedicto Ferri de Barros








28 de março de 1997

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