X-Authentication-Warning: obelix.unicamp.br: petidomo set sender to haikai-l-owner@unicamp.br using -f Date: Sat, 17 Oct 1998 23:32:23 -0300 To: haikai-l@obelix.unicamp.br From: KakiNet Subject: [HAIKAI-L] Re: história da lista Reply-To: haikai-l@unicamp.br Sender: haikai-l-owner@unicamp.br Amigos da haikai-l: Continuando com a Sessao Nostalgia, enfocaremos o primeiro renga da lista, elaborado "sem lei nem caminho", conforme as palavras de seu mentor, o Professor Paulo Franchetti. Este renga foi iniciado em 28/03/96 e terminado em 27/06/96. O Professor Paulo Franchetti escreveu um pequeno texto introdutorio, que se fazia circular junto com o proprio renga em construcao, em que se explicava o que e' renga e como se participava dele: >Prezados Haikai-Leiros: > > Texto de orientacao: > > so para ir quebrando o gelo, que tal entrar >neste renga? > O renga e a arte de encadear estrofes e tem uma >forma basica que e: a uma estrofe em formato de >haiku (5-7-5, mais ou menos) segue-se sempre uma >composta por um distico de 7-7. > Usualmente, cada estrofe e composta por uma >pessoa diferente. > Ha varias regras que regem a composicao do >renga, mas isso nao deve preocupar ninguem agora. >Bastam apenas duas: > >(1) uma estrofe deve sempre estabelecer um dialo- >go, uma relacao sutil, talvez inesperada, com a que >a precede, mas nao deve ter nenhuma relacao com as >que vem antes da antecedente: ou seja, disticos nao >podem ter qualquer relacao com disticos, nem terce- >tos com tercetos; > >(2) nao repetir substantivos ou adjetivos. > > Depois colocaremos aqui um otimo apanhado das >regras do renga, elaborado pelo Mestre Masuda Goga. > Por enquanto, mesmo sendo um renga "sem lei nem >caminho", vamos fazendo, so para (como disse) ir >quebrando o gelo. > Mandem la a sua contribuicao a esta ciranda, ou >palpites, quem sabe? > E para exortar a participacao de membros ainda timidos e hesitantes, escrevia por fim: > O' silenciosos poetas da lista, arrisquem tambem > um versinho ou outro - se possivel dentro do > esquema 5/7/5-7/7! Isto e um trabalho de equipe, > sem qualquer traco de competicao. Apenas um exerci- > cio de camaradagem. > > Eis como ficou nosso primeiro renga: > > OLHANDO PARA O ALTO > > > 1. Olhando para o alto, > So' flores da paineira > - O poeta sorri. > (Edson Iura) > > 2. No calor do meio dia, > A brisa ja e' de outono. > (Paulo Franchetti) > > 3. Enche o coracao, > Um sentimento nostalgico. > Um amor antigo. > (Edson Iura) > > 4. Passo no passado doce > Mas a foto 'e preto e branco. > (Tania Martuscelli) > > 5. Passaros escuros > Apenas o brilho da lua > Noite sem cores. > (Rodrigo Siqueira) > > 6. O sol da alvorada > Ilumina os pensamentos. > > (Kendall Furlong) > > 7. Manha de frio: > Na gaiola ainda coberta, > O canario canta. > (Paulo Franchetti) > > 8. O monte veste-se em branco > ouvindo o som do silencio. > (Magda Lugon) > > 9. Pessego maduro: > cresce em seu ventre a lagarta > que se diz semente. > (Magda Lugon) > > > 10. Tambem para as ervas simples > Vai chegando a primavera. > (Paulo Franchetti) > > 11. Salsa, coentro, cebolinha, > verde cor e sabor > Que delicia de sopa! > (Mailde Tripoli) > > 12. Cozimento de outono > na janela folhas secas. > (Tania Martuscelli) > > 13. casaco empoeirado > murmura no armario > o inicio da estacao > ( origami bird ) > > 14. Uma densa cortina branca > encobre o nascer do sol. > (Mailde Tripoli) > > > 15. no olhar da gralha > silhuetas na neblina > pinheiros > (Ignacio Dotto Neto) > > 16. ainda umidas da noite > brilham as flores do capim > (Paulo Franchetti) > > 17. e do campo > lembram os homens > lirios astrais > (Fernando Albuquerque) > > 18. que nao plantam pra colher > mas se vestem como reis. > (Jose Reis) > > 19. colher de ouro > garfo de fogo, calor real > do sol > (Elisa Marchini Sayeg) > > 20. A tarde caindo rubra > Passos apressados param > (Mary Leiko Fukai Terada) > > 21. Suspiro de leve > O sol se vai aos poucos > E a neblina come a cidade > (Frederico Bohne Espinosa) > > 22. Sonhos em preto e branco > se projetam em vitrines > (Ignacio Dotto Neto) > > 23. Os sonhos das lojas > Abrem cores em multi: > tinem os metais > (Soares Feitosa) > > 24. Manequins sao fantasmas > de plastico e imaginacao > (Diogo Monteiro) > > 25. Entre arranha-ceus > gelado Cristo de pedra. > Inverno no Rio > (Eduardo Rohde) > > > 26. Sombras no canto da sala > Som de cuco na escuridao > (Elisa Marchini Sayeg) > > > 27. As horas passam > O tempo voa, > uma porta se abre > (Joao Paulo C. Cajueiro) > > > 28. Se as portas se fecharem, > um sorriso ha de abri-las. > (Soares Feitosa > http://www.e-net.com.br/seges/ > poesia.html) > > 29. E dos cantos remotos > onde nos perdemos > sairemos em voo `a vida > ( Fernando Albuquerque > maverick@elogica.com.br > http://www.elogica.com.br/ > users/maverick/iching0.htm) > >30. Se e' que a liberdade existe > Quero um bife, nao alpiste > (Eduardo Rohde > rohde@ccard.com.br) > >31. O passaro azul > num galho dum ipe > canta o ceu acima > (Diogo Monteiro) >32. Que os galhos se quebrem... > os passaros sabem voar! > (Soares Feitosa > http://www.e-net.com.br/seges/poesia.html) > >33. Entao que voem mais alto > que nossa acao > fecunda do coracao ... > (Murilo Hallgren > murilo@ci-sp.rnp.br) > > >34. Tapetes coloridos sobre calcadas, > nascem do namoro do vento com as flores > Mailde Tripoli. > >35. Chuva pesada > sobre a vida sem graca: > Uma esperanca > (Tania Martuscelli) > >36. A fonte da alegria, > Enche os olhos de lagrimas > ( Romero Tavares da Silva ) > romero@terra.npd.ufpb.br >-------------------------------------------------------------- > Um abraco. ---------------- Edson Kenji Iura http://www.kakinet.com mailto:kakinet@mandic.com.br ---------------------