Haicais para as quatro estações

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Prêt-à-porter
Ricardo Silvestrin

Coletânea de haicais (78 haicais). Texto da orelha de Estrela Ruiz Leminski. Contém nota bio-bibliográfica. Porto Alegre, Artes & Ecos, 2017, 90 páginas, 11cm x 15cm. ISBN 978-85-93459-02-3. Contato: www.ricardosilvestrin.com.br.

Do texto da orelha: “Se sabe que o haikai é análogo à fotografia. Porque é uma imagem, porque é conciso, porque é ação no contexto. Poesia, sutileza e movimento de uma só vez. Mas e do ponto de vista do haikaísta? O que cria esse olhar de haijin? Seriam fotógrafos do texto? Para isso, todo o nosso aparato corporal que produz o olhar funcionaria como uma câmera escura na cabeça do haijin. Onde qualquer um vê o todo, o haijin capta o detalhe, codifica o ponto mínimo, o diafragma produz uma abertura na mente. Porque lá dentro de sua cabeça o detalhe se amplia, dignifica, significa. A cena se projeta invertida no cérebro, sendo codificada e traduzida em poucas e exatas palavras. Talvez não seja à toa que o haikai tenha nascido no Japão, onde a escrita segue a direção inversa do Ocidente. Mas se o haiku é análogo à fotografia, ler um livro de haikais é mergulhar num álbum”.

Amostras:

a cigarra serra a tarde
ao meio, madeireira
da rua onde nasci

nem água nem som
a chuva começa
pelo cheiro

o clima não se decide
lá vou eu
o homem cabide

flores de pano, frutas de cera
mas a primavera
é sincera