A colheita de Julia Pantin

Da Lichia a Língua
Julia Pantin

Coletânea de haicais (74 haicais). Prefácio de Sara de Melo. Posfácio de Rodrigo Luiz P. Vianna. Ilustrações (aquarelas) da autora. Inclui índice temático. Inclui nota biográfica. São Paulo, Fábrica de Cânones, 2021, 80 páginas, 21cm x 19cm. Contato: fabricadecanones.com.br. ISBN 978-65-990753-8-4.

Do posfácio: “A poesia é para Julia um modo de lidar com o mundo e as experiências. Colocar no papel e extrair do vivido o tempo de sua maturação. Trabalhá-lo. Como quem pratica a jardinagem com cada fato e cada fado da vida. O natural não é controlado pelo relógio (ou, ainda, o conhece). No outono, as folhas caem pelo sono, prelúdio de suas noites, mas ao seu próprio tempo. Nesse movimento, Julia entende a si e a natureza como algo único, como quem sente o movimento das ondas na caixa torácica. Há uma união que busca ser retomada. A humanidade se recorta pela linguagem. Julia a utiliza em uma busca de retorno, ouvindo o vento que lhe sussurra. A poesia de Julia se entranha com a natureza também assim, na reelaboração da vida e de seus ciclos e andamentos. As próximas páginas partem da primavera ao inverno. Porém, sua jornada segue em um autorretrato, um novo ciclo após o mais frio dos períodos. Um tempo que possui a clareza de agora, encarado feito afeto”.

Amostras:

Pescando a tarde
O passarinho branco
Dentro da onda

As carpas
Em águas límpidas
Parecem pensar-me

A tristeza
Densa como o vento
Também passa

Folhas retorcidas
Entre abelhas e galinhas
Crescem as capuchinhas