Cesto de Caquis recebe o Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2022

Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (Foto: Halleypo, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons)

Edson Iura, autor de Cesto de Caquis (Telucazu Edições, 2021), recebeu o Prêmio Mário de Andrade 2022, categoria Ensaio Literário do Prêmio Literário Biblioteca Nacional, um dos mais prestigiados do Brasil, em cerimônia realizada no dia 7 de dezembro de 2022, no Auditório Machado de Assis, dentro do prédio-sede da Biblioteca Nacional, situado na Cinelândia, Rio de Janeiro.

Cesto de Caquis: Notas sobre Haicai (Foto: Kakinet).

Um recorde de inscrições, 1789 ao todo, foi registrado neste ano. Oito são as categorias: Poesia – Prêmio Alphonsus de Guimaraens; Romance – Prêmio Machado de Assis; Conto – Prêmio Clarice Lispector; Tradução – Prêmio Paulo Rónai; Ensaio Social – Prêmio Sérgio Buarque de Holanda; Ensaio Literário – Prêmio Mario de Andrade; Literatura Infantil – Prêmio Sylvia Orthof e Literatura Juvenil – Prêmio Glória Pondé. Para julgar os trabalhos, foi estabelecida uma Comissão Julgadora composta de 24 jurados, sendo três para cada categoria, todos pessoas ligadas ao setor cultural com notório saber e reconhecimento em suas áreas.


Edson Iura recebe o Prêmio Literário Biblioteca Nacional das mãos do presidente da Biblioteca Nacional, Luiz Carlos Ramiro Jr., tendo ao lado seu diretor executivo, João Carlos Nara Jr. (Foto: Solange Firmino)

Pelo segundo ano consecutivo, não foi incluída a categoria Projeto Gráfico — Prêmio Aloísio Magalhães, pois aos poucos a Fundação Biblioteca Nacional retoma o trabalho em regime presencial, prejudicado pela pandemia.

Para concorrer ao Prêmio, as obras inscritas deveriam ser inéditas e publicadas em formato impresso ou digital. Como requisito para participação, todas as obras inscritas deveriam ser encaminhadas para a Biblioteca Nacional e estar de acordo com a Lei do Depósito Legal (Lei n.10.994, de 14 de dezembro de 2004), além de possuir número de registro ISBN (International Standard Book Number) válido no Brasil.

Edson Iura, autor de Cesto de Caquis, fala após receber o Prêmio Literário Biblioteca Nacional na categoria Ensaio Literário (Foto: Amauri Solon).

O corpo técnico da Biblioteca Nacional fez a triagem das inscrições e qualificou 61 obras para concorrerem pela categoria Ensaio Literário. O professor Alexandre Sugamosto, o professor Kevin Falcão Klein e o escritor Rodrigo Duarte Garcia, integrantes da Comissão Julgadora, foram então encarregados de definir os melhores trabalhos, levando em conta os critérios de relevância do tema, originalidade argumentativa e contribuição à cultura nacional. O resultado foi a indicação de Cesto de Caquis para o primeiro lugar, habilitando-se assim a receber o Prêmio Mário de Andrade.  

Diploma do Prêmio Literário Biblioteca Nacional e Medalha do da Ordem do Mérito do Livro, atribuídos ao autor de Cesto de Caquis (Foto: Kakinet).

Para Edson Iura, a atribuição de um prêmio de tamanha importância a um livro que versa sobre um nicho literário como o haicai é digna de nota:


Como prova da visibilidade e da importância que o haicai vem adquirindo desde sua introdução no Brasil no começo do século 20, esse prêmio servirá para impulsionar ainda mais o interesse sobre ele. Presto homenagens a Goga Masuda, Paulo Franchetti e Carlos Verçosa, precursores da pesquisa sobre o haicai brasileiro que me deram o modelo. Dedico este prêmio a todos os haicaístas do Brasil, de qualquer corrente, por cultivarem essa poesia que veio de tão longe e se disseminou tão bem entre nós. E não esqueço de meu editor André Kondo, da Telucazu Edições, por todo o apoio recebido.

Edson Iura
As cores do logotipo do Prêmio Literário Biblioteca Nacional em 2022 foram alteradas para verde e amarelo, em alusão ao Bicentenário da Independência do Brasil.

Segue o resultado oficial do Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2022, conforme publicado na Portaria FBN 66 de 3/11/2022.

I – CATEGORIA ENSAIO LITERÁRIO – PRÊMIO MÁRIO DE ANDRADE

1º “Cesto de Caquis: notas sobre haicai”, de Edson Iura. Telucazu Edições.

2º “A ficção do Crime”, de Gustavo Bernardo Krause. Editora Patuá.
3º “O mundo desdobrável: ensaios para depois do fim”, de Carola Saavedra. Relicário.

II- CATEGORIA TRADUÇÃO – PRÊMIO PAULO RÓNAI

1º “Inferno, de Dante Alighieri”. Grupo Companhia das Letras. Tradução de Emanuel França de Britto, Maurício Santana Dias e Pedro Falleiros Heise.
2º “Sobre a Natureza das Coisas, de Lucrécio’. Editora Autêntica Clássica. Tradução de Rodrigo Tadeu Gonçalves.
3º “O Primeiro Livro. A Vida Muito Horrífica do Grande Gargantua, Pai de Pantagruel. de François Rabelais”. Ateliê Editorial. Tradução de Élide Valarini Oliver.

III – CATEGORIA LITERATURA JUVENIL – PRÊMIO GLÓRIA PONDÉ

1º “O jovem Arsène Lupin e a dança macabra”, de Simone Saueressig. Avec Editora.
2º “Mapinguari”, de Gabriel Góes e André Miranda. FTD Editora.
3º “Uma boneca para Menitinha”, de Penélope Martins e Tiago de Melo Andrade. Editora Caixote.

IV – CATEGORIA ROMANCE – PRÊMIO MACHADO DE ASSIS

1º “Siameses”, de Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira. Editora Kotter.
2º “Uma exposição”, de Ieda Magri. Relicário.
3º “O filósofo no porta-luvas”, de Juliano Garcia Pessanha. Todavia.

V – CATEGORIA ENSAIO SOCIAL – PRÊMIO SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA

1º “Palmares & Cucaú: O Aprendizado da Dominação”, de Silvia Hunold Lara. Editora da Universidade de São Paulo.
2º “A terra sem mal: uma saga guarani”, de Rafael Mendes Júnior. Editora Universidade Federal do Rio de Janeiro.
3º “Injustiçados”, de Lucas Ferraz. Grupo Companhia das Letras.

VI – CATEGORIA LITERATURA INFANTIL- PRÊMIO SYLVIA ORTHOF

1º “Na minha casa tem um Lestronfo” de Rosana Fernandes Calixto Rios. Elo Editora.
2º “Maria vai e volta”, de Edy Maria Dutra da Costa Lima. Elo Editora.
3º “QuiQuinho e PioPio – Cordel do acordo feito e firmado entre menino e passarinhos”, de Bruna Bezerra Lubambo Maia. Aletria.

VII – CATEGORIA CONTO – PRÊMIO CLARICE LISPECTOR

1º “Gótico Nordestino”, de Cristhiano Motta Aguiar. Grupo Companhia das Letras.
2º “Marinheira de Açude”, de Michelli Provensi. Editora Reformatório.
3º “Dedos impermitidos”, de Luci Maria Dias Collin. Iluminuras.

VIII- CATEGORIA POESIA – PRÊMIO ALPHONSUS DE GUIMARAENS

1º “O sono dos humildes”, de Alexei Bueno Finato. Editora Patuá.
2º “A República do Pampa”, de Luiz Carlos Verzoni Nejar. Casa Brasileira de Livros.
3º “Cães & Astromélias”, de Mariana Machado de Freitas Schadeck. Editora Mondrongo.


Sobre Cesto de CaquisÉ o título do primeiro livro de Edson Iura, que reúne seis ensaios sobre o haicai, forma poética de origem japonesa que se popularizou no Brasil. Os textos tratam de momentos diversos da teoria e da prática do gênero no Japão e no Brasil, analisados pelo ponto de vista de um observador extremamente envolvido com o estudo e a produção dessa poesia. O livro disseca haicais japoneses e brasileiros, navega pela história e reflete sobre a assimilação do gênero no Brasil. Cesto de Caquis destina-se aos interessados nos aspectos históricos, na crítica literária e na própria prática do haicai. Inclui uma útil bibliografia comentada.  Mais em www.kakinet.com/livros/.

Sobre Edson Iura: Nasceu em São Paulo. É profissional da indústria de informática. Há três décadas tem no haicai um de seus principais interesses. Editor do Caqui (www.kakinet.com), primeiro sítio brasileiro da internet dedicado ao haicai. Administrador do fórum eletrônico Haikai-L. Selecionou haicais para publicação no Jornal Nippo-Brasil e no Jornal Nippak. Seleciona haicais para publicação no Jornal Nippon Já e na Revista Nikkei Bungaku. Membro da Comissão de Assuntos Literários de Língua Portuguesa da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social (Bunkyo). Ex-diretor literário de língua portuguesa da Associação Literária Nikkei Bungaku. Participou ativamente da organização de diversas edições do Encontro Brasileiro de Haicai. Ex-membro do Grêmio Haicai Ipê.  Autor de O Mendigo Sonha – Haicais (Telucazu Edições, 2022).

Sobre a Biblioteca Nacional: A Biblioteca Nacional, localizada na cidade do Rio de Janeiro, tem por função captar, guardar, preservar e divulgar a produção intelectual do país. É a mais antiga instituição cultural do Brasil, fundada em 1814 pelo então príncipe Dom João, posteriormente rei Dom João VI. Responde pela guarda de mais de 9 milhões de itens, sendo considerada pela UNESCO uma das principais bibliotecas nacionais do mundo. Desde 1994, promove o Prêmio Literário Biblioteca Nacional, que visa laurear anualmente autores e tradutores em reconhecimento à qualidade intelectual de suas obras. Seu magnífico prédio-sede, situado na Cinelândia, foi inaugurado em 1910 e compõe, junto com o Theatro Municipal e o Museu Nacional de Belas Artes, um esplêndido conjunto arquitetônico.