Seis ensaios sobre haicai

Cesto de Caquis
Edson Iura

Seis ensaios sobre haicai. Inclui 23 haicais comentados de autores diversos. Apresentação de Francisco Handa. Prefácio do autor. Contém bibliografia comentada. Contém biografia do autor. Jundiaí, 2021, Telucazu, 120 páginas, 14cm x 21cm. ISBN 978-6586928-29-7. Contato: kondo.lojaintegrada.com.br/cesto-de-caquis-edson-iura

(Visite a página especial do Cesto de Caquis)

Texto da orelha: “Cesto de Caquis reúne seis ensaios sobre o haicai, forma poética de origem japonesa que se popularizou no Brasil. Os textos tratam de momentos diversos da teoria e da prática do gênero no Japão e no Brasil, analisados pelo ponto de vista de um observador extremamente envolvido com o estudo e a produção dessa poesia. O livro disseca haicais japoneses e brasileiros, navega pela história e reflete sobre a assimilação do gênero no Brasil. Cesto de Caquis destina-se aos interessados nos aspectos históricos, na crítica literária e na própria prática do haicai. Inclui uma útil bibliografia comentada.”

Amostra: “O poeta gostou tanto da planta que adotou o nome de Bashô. A bananeira de que falamos não é a bananeira tropical, Musa paradisiaca, que dá frutos. Trata-se da Musa basjoo, uma planta do mesmo gênero, resistente ao clima frio do Japão, mas que, em compensação, não dá frutos. No verão, adquire folhagem exuberante. No outono, assume feição miserável após ter essa folhagem destruída pelas tempestades sazonais. Tal aspecto fez com que a bananeira bashô se transformasse em símbolo de transitoriedade em textos budistas e na poesia, na China e no Japão. Bashô não ouviu o som das folhas sendo rasgadas, pois a essa altura a bananeira já havia sido avariada. Ele só conseguiu ouvir o som de uma goteira pingando em uma bacia dentro de sua pobre choupana, um cenário totalmente mundano. Ter uma goteira no quarto, aparada por uma bacia, indica logo que a casa não é um abrigo seguro e permanente, isto é, traduz a ideia da transitoriedade. Através da descrição de uma cena absolutamente vulgar, Bashô fez um comentário autodepreciativo de suas condições de vida. Mas, ao evocar a bananeira de outono, trouxe para sua choupana o mundo espiritual dos poetas chineses. Essa alusão não é feita para rebaixar e ridicularizar cultura clássica, como era do feitio do haikai pré-Bashô. A alusão tem o papel de elevar o que era originalmente vulgar até o nível da cultura clássica.”