O diplomata haicaísta

Edson Iura

As nações disputam seu lugar ao sol no concerto mundial exercitando ora seu poder bélico, ora seu poder econômico. Mas também existe o poder da cultura, qualificado pela expressão soft power. Nesse contexto, cada país procura exibir ao mundo sua melhor expressão, com a finalidade de imprimir uma imagem positiva e criar simpatia, que pode ser usada posteriormente como moeda no complicado xadrez político. Muitos se lembram com espanto de uma das cenas do encerramento das Olimpíadas do Rio, em 2016. O então Primeiro-Ministro japonês Shinzô Abe (1954-2022) compareceu em pessoa ao Maracanã para anunciar o país-sede dos jogos seguintes, fantasiado de Super Mario, o personagem de videogame. Isto não é uma piada. É o reconhecimento político da pujança de uma indústria cultural que arrecada bilhões em royalties e contribui para projetar a imagem de um país dinâmico, onde o moderno e o antigo convivem sem conflitos. …  Continue lendo »

Animê une cores vibrantes, discos de vinil e haicais

Edson Iura

Palavras que borbulham como refrigerante retrata o romance de dois adolescentes que floresce à sombra das redes sociais, em meio a poemas haicai e à nostalgia dos discos de vinil, tudo tingido por uma paleta de cores quentes de verão. O filme de animação japonês (animê), lançado em 2021 e dirigido por Ishiguro Kyôhei, faz parte do catálogo da Netflix.

Palavras que borbulham como refrigerante está disponível na Netflix
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Os haicais que borbulham como refrigerante

Edson Iura (texto e traduções)

O haicai que virou título (em japonês)

No artigo anterior, fizemos uma resenha do animê Palavras que borbulham como refrigerante e revelamos por que o seu diretor adotou a linguagem do haicai. A seguir, repassaremos alguns dos haicais do filme com nossa tradução para o português, lembrando que as versões apresentadas no filme são transcrições em prosa corrida feitas para atender às necessidades de legendagem e dublagem. Os kigôs (palavras de estação) estão marcados em itálico nas traduções.…  Continue lendo »

Algumas sugestões para compor haicai

por Teruko Oda

1. Escreva o poema sempre em três versos (linhas).

2. Quanto à métrica, a contagem da sílaba gramatical e da sílaba poética não segue a mesma regra. A sílaba poética é contada pelos sons que emitirmos quando lemos ou falarmos o poema. Considerando que a poesia é a principal qualidade do haicai e não a métrica, não perca muito tempo tentando enquadrar os seus versos dentro de cinco, sete e cinco sílabas. Use o seu bom senso e evite os extremos: versos nem muito curtos, nem muito longos.

3. O momento do haicai é o que está acontecendo agora; então, use sempre o verbo no tempo presente.

4. Escreva sobre a natureza exatamente como ela é: de forma clara, simples e objetiva (quem, o quê, quando, onde).

5. Evite pré-conceitos, metáforas, comparações, julgamentos, conclusões.

6. Por mais fantástica que lhe pareça a idéia, não invente, não “ache”, não tente passar lições de moral, filosofia, religião.

7. Evite explicações, descrições fúteis, expressões redundantes que nada acrescentam ao seu poema.

8. Seja fiel a você mesmo: evite imitações não condizentes com a sua realidade.

9. Observe atentamente a natureza : “captura a luz que emana das coisas antes que ela se apague” (Bashô).

10. Veja se o seu poema apresenta no mínimo dois destes quesitos: um agente, uma ação, uma descoberta, um acontecimento, referência à estação do ano.

Veja também: Os dez mandamentos do haicai
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